sexta-feira, 15 de abril de 2011

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.



Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis do amor, da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Um dia, nos reencontraremos minha Pitanga e este dia não há de demorar...

Dom Marc

Um comentário:

  1. Dom Marc,

    As vezes Esquecemos de dizer o quanto amamos a quem realmente amamos, parece que não precisa ser dito, está implícito...
    Mas um dia um ente muito amado se vai. Quando menos esperamos e sem nenhum aviso, Deus tira de nós o que mais amamos.
    Em nosso peito apenas a dor de um punhal que a cada "meus pêsames" parece pesar.
    Nossos pensamentos divulgam para cada gota de sangue em nosso corpo a culpa de nunca ter dito: "te amo"; "preciso de você", "estou sempre aqui", "me preocupo", e como se não bastasse vem à frase mais forte "a culpa foi minha".
    Nossos sonhos caem por terra, nossa liberdade parece perder a importância.
    E a resposta para essa dor? O tempo e uma certeza:
    Quando amamos transmitimos em pequenos atos e gestos, e as palavras não importam mais; quando precisamos de alguém, sentimos sua presença, e as palavras não têm mais sentido; quando nos sentimos sós e abandonados, surge uma palavra ou um gesto e descobrimos que nunca estaremos sós.
    E a culpa? A culpa é da vida que tem inicio, meio e fim. A nossa culpa está apenas em amar tanto e sentir tanto perder alguém.
    Mas o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo, com ele pensamos nos bons momentos. E com um pouco mais de tempo, transformamos nosso ente tão amado em eterno companheiro.
    Nossos sonhos ganham aliados, nossa liberdade ganha acompanhantes, nossa vida conquista anjos. E no fim apenas a saudade e uma certeza:
    Não importa onde estejam, estarão sempre conosco.
    Sua Pitanga estará sempre presente em seu coração e no de todos a quem ela cativou...

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